O narrador amigo

Em alguns textos, o narrador é um amigo do leitor, apresentando os detalhes da história de modo fácil da acompanhar, sem rupturas ou hiatos desorientadores. Isso não significa ser excessivamente didático. Pode haver pequenas surpresas e detalhes omitidos, mas eles logo são amarrados com um argumento que surpreende e explica ao mesmo tempo (uma explicação inesperada). O texto produz uma confusão momentânea no leitor, para em seguida agradá-lo com uma surpresa.

O narrador amigo pode contar a história com técnicas do humor. Na composição de piadas, os americanos falam em setup (preparação) + punch line (frase final de efeito). O setup mostra uma situação levemente esquisita (ou excessivamente banal) que vai causando certo desconforto no ouvinte, por um elemento que parece tedioso, absurdo, idiota (enfim, algo está fora de lugar). Dizem que o setup narra literalmente uma História A, mas prepara nas entrelinhas uma História B.

A punch line – a frase final que dá sentido e encerra a História A – é engraçada porque surpreende o ouvinte. A surpresa revela o que havia nas entrelinhas (o elemento incômodo que o ouvinte sentia sem identificar bem). Essa é a História B.

Exercício:

- Defina um pequeno conjunto de ações, que seja um esboço de uma situação completa. Por exemplo: Fulano chega em casa cansado, tira os sapatos e os deixa jogados no corredor. Ele entra no banheiro para fazer xixi. Quando sai do banheiro, tropeça no próprio sapato jogado no chão.

- Narre essa situação em 20 linhas, usando o estilo do narrador amigo. Ou seja, um narrador que conta a história de maneira simpática e agradável, mas ao mesmo tempo cria pequenas surpresas e ironias ao longo da narração.

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