Tênis do Leo
Conto de André Luiz Ferrer Domenciano Sentou-se e fechou os olhos. Ambas as mão no rosto e os cotovelos na mesa. Queria recobrar a calma antes das sete e trinta quando os alunos chegavam trazidos pelos pais e ela os recebia. Por isso, apressou-se em subir a escada naquela manhã chuvosa. Um dia que começara tumultuado no ponto de ônibus desprotegido e, depois, dentro do coletivo lotado. Um dia confuso porque, também, indispusera-se com a diretora debaixo do guarda-chuva enquanto fazia a gentileza de protegê-la até que alcançassem a marquise da escola. “Estamos conversadas?”, tinha dito a diretora. “Nada de enviar esses bilhetes sem o meu conhecimento.” A mesa da professora ficava diante da única janela da sala que olhava para fora da escola. Quando abriu os olhos, ela descobriu que a chuva amainara. O silêncio era quebrado pelo zinco sendo atingido lá fora. Uma torneira pingava do outro lado do vidro. Aqueles vinte, vinte e cinco, tinta minutos que antecediam a chegada dos alunos ...