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Mostrando postagens de julho, 2018

Dicas de escrita de Cassiano Gabus Mendes

* Trecho da tese de doutorado "O grito de Jorge Andrade: a experiência de um autor na telenovela brasileira dos anos 1970" (publicada pela Ateliê Editorial) "Cassiano Gabus Mendes, na reportagem da revista Veja já citada, faz uma lista das melhores estratégias para que o desenvolvimento de uma telenovela funcione junto ao público. A primeira fórmula é “criar alguma coisa diferente. Algo que tivesse um ‘treco’, quero dizer, uma coisa insólita, que marca um personagem, que lhe dá um apelo diferente”. Eis a lista completa dessas estratégias: Para Cassiano, o sucesso da telenovela depende de o diretor saber trabalhar cinco fórmulas básicas:  1) O Treco.  2) O Mistério, situação chave da história que o público desconhece e os personagens não, ou vice-versa.  3) A Apelação, maneira de subir um IBOPE que está caindo por meio de traumas a gosto do público, como desastres, enlouquecimentos, paralisias, amnésias.  4) O Esticamento, recurso de manter um IBOPE ...

Oficinas de Roteiro

* Artigo publicado na revista do Sesc-SP em fevereiro (ou março) de 2011 Alguns anos atrás, tive aulas com o editor Jiro Takahashi, num curso sobre “Edição de livros populares”. Um dos temas discutidos era o jovem escritor – ou o aspirante a escritor, ainda que não fosse jovem. Lembro de um comentário que me pareceu simples e verdadeiro. “Todo mundo quer ser artista”, ele disse. “Mas para ser pintor, a pessoa precisa ter talento manual. Para ser músico, precisa tocar um instrumento ou ter uma boa voz. Para ser ator, precisa coragem de se expor diante da platéia.” Então ele sorria de um jeito especial, com seu humor tímido e generoso: “Já, para ser escritor... bem, todo mundo sabe escrever. Parece tão fácil. Por isso que as oficinas de criação literária estão sempre lotadas de alunos.” Há coisas que só um professor percebe, pois não aparecem na imprensa, nas entrevistas dos profissionais, ou nas estatísticas do mercado de trabalho. O professor sabe o degrau enorme que existe entre o...

Ficção Histórica

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Artigo sobre Ficção Histórica publicado na revista Cândido, da Biblioteca Pública do Paraná. Reportagem de Helena Carnieri.

A menina e a morte, de Michel Tournier

A professora interrompeu subitamente o que fazia, ao ouvir um risinho abafado no fundo da classe. - O que está acontecendo? Uma menina disse com rosto vermelho e risonho: - É a Melanie, professora. Ela está comendo um limão. Toda a turma riu. A professora foi até a última fileira. Melanie levantou o rosto inocente, de finura e palidez acentuadas pela massa pesada de seus cabelos negros. Ela segurava um limão cuidadosamente descascado, a casca descendo em serpentina sobre a carteira. A professora parou perplexa. Esta Melanie Blanchard não parava de surpreendê-la, desde o início das aulas. Dócil, inteligente, estudiosa, era impossível não considerá-la e tratá-la como uma das melhores alunas da turma. Mas no entanto ela chamava a atenção - sem provocar é verdade e com uma espontaneidade desconcertante - por suas invenções estranhas e comportamentos bizarros. Por exemplo em história, ela manifestava uma curiosidade apaixonada, quase mórbida, por todos os personagens célebres condenado...