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Mostrando postagens de 2018

Roteiro de Videoclipe

Uma proposta/argumento para videoclip é um arquivo PDF que resume sua visão do vídeo com imagens e textos descrevendo o conceito e o estilo. Não há um padrão exato. O importante é ser criativo, claro e convincente. Sugestão de Kaleb Wentzel-Fisher 1. Página de Título: Tem o nome da banda e da música. Escolher uma imagem da banda que combine com o tom que você deseja para o vídeo. 2. Resumo atraente: Explique sua visão em um ou dois parágrafos. Use palavras de efeito visual, dê detalhes marcantes, crie a imagem de como será o vídeo. Seja breve, deixe a vontade de saber mais. 3. Roteiro: Lista das cenas do vídeo, cada uma descrita em um ou dois parágrafos. Pode incluir fotos. 4. Tom / Estilo: Descreva a sensação e o visual do vídeo. Qual a técnica de filmagem? A imagem será estilizada? Qual o estilo de edição? Haverá animação? Dê referências de estilo, como filmes, pinturas, livros, estilo de celebridades ou fotos. Inclua 2 ou 3 páginas só de imagens. 5. Resumo da proposta: Em poucas fra...

O narrador amigo

Em alguns textos, o narrador é um amigo do leitor, apresentando os detalhes da história de modo fácil da acompanhar, sem rupturas ou hiatos desorientadores. Isso não significa ser excessivamente didático. Pode haver pequenas surpresas e detalhes omitidos, mas eles logo são amarrados com um argumento que surpreende e explica ao mesmo tempo (uma explicação inesperada). O texto produz uma confusão momentânea no leitor, para em seguida agradá-lo com uma surpresa. O narrador amigo pode contar a história com técnicas do humor. Na composição de piadas, os americanos falam em setup (preparação) + punch line (frase final de efeito). O setup mostra uma situação levemente esquisita (ou excessivamente banal) que vai causando certo desconforto no ouvinte, por um elemento que parece tedioso, absurdo, idiota (enfim, algo está fora de lugar). Dizem que o setup narra literalmente uma História A, mas prepara nas entrelinhas uma História B. A punch line – a frase final que dá sentido e encerra a Histór...

Anotações Cotidianas

Ter um arquivo com anotações de cenas cotidianas é muito útil para o escritor. É difícil recriar de propósito o efeito surpreendente de cenas que às vezes presenciamos casualmente na rua. Quando você precisa de uma dessas cenas, sentado sozinho em frente ao computador, no seu horário de escrever, um caderninho cheio é um tesouro. Claro, a maioria dessas anotações você nunca vai usar. Podem ser simpáticas e inusitadas, mas talvez você nunca tenha a oportunidade de encaixá-las num texto maior. Por isso a anotação não deve ser uma tarefa cansativa. Apenas algo que você vai fazendo conforme os dias passam, sem grandes expectativas. Depois de muitos métodos ao longo dos anos (caderninhos, blog, etc), agora eu faço assim: - Quando vejo uma cena bacana (mesmo que seja apenas uma associação de ideias inesperada), publico no facebook (se não consigo publicar na hora, anoto no celular e publico depois).  Melhor ainda é o Twitter, pois ele permite que você salve seu arquivo de publicações (s...

Dicas de escrita de Cassiano Gabus Mendes

* Trecho da tese de doutorado "O grito de Jorge Andrade: a experiência de um autor na telenovela brasileira dos anos 1970" (publicada pela Ateliê Editorial) "Cassiano Gabus Mendes, na reportagem da revista Veja já citada, faz uma lista das melhores estratégias para que o desenvolvimento de uma telenovela funcione junto ao público. A primeira fórmula é “criar alguma coisa diferente. Algo que tivesse um ‘treco’, quero dizer, uma coisa insólita, que marca um personagem, que lhe dá um apelo diferente”. Eis a lista completa dessas estratégias: Para Cassiano, o sucesso da telenovela depende de o diretor saber trabalhar cinco fórmulas básicas:  1) O Treco.  2) O Mistério, situação chave da história que o público desconhece e os personagens não, ou vice-versa.  3) A Apelação, maneira de subir um IBOPE que está caindo por meio de traumas a gosto do público, como desastres, enlouquecimentos, paralisias, amnésias.  4) O Esticamento, recurso de manter um IBOPE ...

Oficinas de Roteiro

* Artigo publicado na revista do Sesc-SP em fevereiro (ou março) de 2011 Alguns anos atrás, tive aulas com o editor Jiro Takahashi, num curso sobre “Edição de livros populares”. Um dos temas discutidos era o jovem escritor – ou o aspirante a escritor, ainda que não fosse jovem. Lembro de um comentário que me pareceu simples e verdadeiro. “Todo mundo quer ser artista”, ele disse. “Mas para ser pintor, a pessoa precisa ter talento manual. Para ser músico, precisa tocar um instrumento ou ter uma boa voz. Para ser ator, precisa coragem de se expor diante da platéia.” Então ele sorria de um jeito especial, com seu humor tímido e generoso: “Já, para ser escritor... bem, todo mundo sabe escrever. Parece tão fácil. Por isso que as oficinas de criação literária estão sempre lotadas de alunos.” Há coisas que só um professor percebe, pois não aparecem na imprensa, nas entrevistas dos profissionais, ou nas estatísticas do mercado de trabalho. O professor sabe o degrau enorme que existe entre o...

Ficção Histórica

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Artigo sobre Ficção Histórica publicado na revista Cândido, da Biblioteca Pública do Paraná. Reportagem de Helena Carnieri.

A menina e a morte, de Michel Tournier

A professora interrompeu subitamente o que fazia, ao ouvir um risinho abafado no fundo da classe. - O que está acontecendo? Uma menina disse com rosto vermelho e risonho: - É a Melanie, professora. Ela está comendo um limão. Toda a turma riu. A professora foi até a última fileira. Melanie levantou o rosto inocente, de finura e palidez acentuadas pela massa pesada de seus cabelos negros. Ela segurava um limão cuidadosamente descascado, a casca descendo em serpentina sobre a carteira. A professora parou perplexa. Esta Melanie Blanchard não parava de surpreendê-la, desde o início das aulas. Dócil, inteligente, estudiosa, era impossível não considerá-la e tratá-la como uma das melhores alunas da turma. Mas no entanto ela chamava a atenção - sem provocar é verdade e com uma espontaneidade desconcertante - por suas invenções estranhas e comportamentos bizarros. Por exemplo em história, ela manifestava uma curiosidade apaixonada, quase mórbida, por todos os personagens célebres condenado...

Café com Pão, crônica de André Cunha

Mal colocou os pés na sala, a mãe pegou o dinheiro do cofre e jogou na mesa. ‒ Compre pão, meu filho ‒ falou, sem hesitar. Com trinta e oito anos, conhece o garoto do começo ao fim: não era mancada, ela simplesmente ficou ocupada cozinhando e limpando a casa, à espera dele, que sempre chega da escola à noite. ‒ Então, vai demorar um pouco o jantar. ‒ Compre seu pão e tome um café, eu sei que gosta. ‒ Tudo bem, mãe – respondeu o filho. Feliz, voltou novamente a cuidar da casa, no ato de terminar rápido, para matar a fome que sente desde tarde. Era macarrão: com molho vermelho e um pouco de calabresa (será que ele vai gostar? – o filho irá dizer, quando voltar), com muito amor e carinho, o seu único desejo é um sorriso de satisfação de todos da casa. Depois de sete minutos o garoto chegou, com uma sacola cheia de pães franceses. De repente, a mãe parou fixamente perante o fogão e se lembrou de algo. ‒ Ah, não... Filho. Esqueci de pedir a você que comprasse Coca-Cola. ‒ Poxa mãe,...

Funções dos Personagens: Morfologia do Conto Maravilhoso, V. Propp

0. Situação inicial – enumeram-se os membros de uma família, ou o herói é apresentado 1. Um dos membros da família sai de casa 2. Impõe-se ao herói uma proibição (ou uma ordem) 3. A proibição é transgredida 4. O antagonista procura obter uma informação 5. O antagonista recebe informações sobre sua vítima 6. O antagonista tenta ludibriar sua vítima para apoderar-se dela ou de seus bens (antes de tudo, disfarça-se) 7. A vítima se deixa enganar, ajudando assim involuntariamente seu inimigo 8. O antagonista causa dano ou prejuízo a um dos membros da família 8b. Falta alguma coisa a um membro da família, ele deseja obter algo (situação inicial de carência - o conto pode começar direto aqui) 9. É divulgada a notícia do dano ou carência, faz-se um pedido ao herói ou lhe é dada uma ordem, mandam-no embora ou deixam-no ir 10. O herói-buscador aceita ou decide reagir 11. O herói deixa a casa 12. O herói é submetido a uma prova; a um questionário; a um ataque; etc., que o preparam para receber um...